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Primeiro dia de CONARH 2025 debate IA, gestão de talentos em tempos de crise e dados estratégicos

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Da inteligência artificial ao people analytics, especialistas e líderes destacam como o RH pode ser mais estratégico, humano e conectado às novas demandas do mercado

Na abertura do CONARH 2025, a LG lugar de gente trouxe reflexões que mostram que o futuro do RH não é distante: ele já está acontecendo. Entre exemplos práticos de como a inteligência artificial pode simplificar burocracias em segundos, provocações sobre o papel da liderança em tempos de crise e debates sobre como o people analytics transforma dados em decisões reais, o primeiro dia foi marcado por um ponto em comum: não dá mais para adiar a transformação.

O tom dos painéis foi direto: o RH precisa ocupar um lugar mais estratégico, sair do achismo e abraçar ferramentas que unem tecnologia e empatia. Como disse Elaine Monteiro, Diretora Corporativa de Gente e Gestão da MV Sistemas, “as tarefas operacionais podem ser absorvidas pela IA. Isso libera o RH para exercer seu verdadeiro papel: liderança, desenvolvimento de pessoas e cultura organizacional.”

E essa foi a linha que guiou todas as conversas do dia: menos operação, mais estratégia. Menos máquina fria, mais experiência humana. Menos números soltos, mais dados que contam histórias e apontam caminhos.

Como RH pode usar a inteligência artificial para criar experiências inteligentes, sem perder a empatia

Já pensou em ter um “colega virtual” no RH que resolve solicitações em segundos? Se um colaborador envia a certidão de nascimento do filho, por exemplo, todos os benefícios já são automaticamente atualizados no sistema: sem filas, sem formulários intermináveis. Essa é a proposta da LiGiaPro, agente virtual criada pela LG, que já atua como um headcount extra, respondendo dúvidas 24 horas por dia e em vários idiomas.

Esse é só um dos exemplos de como a inteligência artificial pode transformar o RH em uma área mais ágil, estratégica e, ao mesmo tempo, humana. Esse foi o assunto do Videocast “IA no RH com empatia: dá pra automatizar sem desumanizar?” que trouxe reflexões importantes, com a participação de Marcello Porto, Diretor de Produtos, Inovação e Inteligência Artificial da LG, e Elaine Monteiro, Diretora Corporativa de Gente e Gestão da MV Sistemas.

Logo no início da conversa, Marcello foi direto ao ponto: “O conselho e a liderança executiva querem inovação. O desafio não é só falar de IA, é mostrar como ela pode ser aplicada na prática.” Ele lembrou que sistemas de avaliação de desempenho, planos de desenvolvimento individual e até fechamento de folha já estão sendo automatizados, gerando ganhos de produtividade exponenciais.

Elaine Monteiro reforçou que essa transformação não diminui o lado humano do RH,  pelo contrário: “As tarefas operacionais podem ser absorvidas pela IA. Isso libera o RH para exercer seu verdadeiro papel: liderança, desenvolvimento de pessoas e cultura organizacional. O tempo do RH precisa ser usado para pensar e criar, não apenas para executar.”

Para ela, o segredo está em equilibrar tecnologia e empatia: “O receio das organizações é perder a humanização. Mas a IA pode, sim, ser inclusiva e acessível se for desenhada com a cultura da empresa. O colaborador precisa sentir que está sendo atendido por alguém próximo, não por uma máquina fria.”

Para que o RH possa usar a inteligência artificial para criar experiências inteligentes, sem perder a empatia, os palestrantes deixaram um convite à experimentação: “É preciso curiosidade para experimentar. Comece pequeno, em piloto, e vá escalando. Teoria sem prática não funciona. Não dê passos para trás: teste, aprenda e avance”, finaliza Elaine. 

A perspectiva da IA de quem vive a realidade nas redes

Se, por um lado, a tecnologia garante agilidade, por outro, o olhar humano continua sendo insubstituível. E foi justamente essa a mensagem que a influencer Denise Brasil, convidada da LG lugar de gente, trouxe para a conversa.

Ela lembrou que automatizar processos já virou rotina, mas o diferencial está em enxergar quem está por trás dos números: “Hoje já não é mais novidade usar tecnologia para automatizar processos de gestão de pessoas. Mas o grande diferencial é quando você enxerga a pessoa como líder. Eu tenho vários processos de RH para cuidar – ponto, avaliação de desempenho, treinamento e, se eu olhar só para números, vou cobrar apenas resultado e pressionar a equipe. A questão é: como humanizar o que vai ser automatizado? O primeiro passo é simples: conhecer de verdade quem está no seu time.”

Para Denise, isso não significa virar melhor amigo de todos, mas ter sensibilidade para entender os momentos de cada colaborador: “Saber se alguém perdeu um pai, se está passando por um momento difícil. A tecnologia está aí para auxiliar, mas gestão humanizada depende de conhecer as pessoas.”

No fim, sua fala reforçou um ponto central do debate: não basta ter sistemas eficientes, é preciso líderes que saibam usá-los sem perder de vista as pessoas.

IA: um caminho sem volta para o RH

Se a inteligência artificial já faz parte do presente, o futuro promete ser ainda mais integrado e simples. Para Marcello Porto, três pilares devem guiar essa jornada: mais produtividade para a empresa, uma experiência de colaborador mais ágil e acessível, e a aplicação prática da IA dentro do próprio RH, em processos como recrutamento, seleção, avaliação e folha de pagamento.

Ele vai além e projeta um cenário que parece cada vez mais próximo: “O futuro da IA será uma única interface para todos os sistemas de recursos humanos. Um ponto de contato centralizado que simplifica, aproxima e agiliza a jornada do colaborador.”

A mensagem dos especialistas foi clara: não há mais tempo para adiar essa conversa. Como reforçou Elaine Monteiro, “a IA não vai voltar. O RH precisa conhecer as ferramentas, se preparar tecnicamente e buscar parceiros capazes de integrar tecnologia com empatia.”

Para Marcello, a oportunidade é decisiva: “Já passamos do estágio de experimentar. Agora é hora de padronizar e escalar. O RH que souber fazer isso terá não apenas mais produtividade, mas também um papel ainda mais estratégico dentro da companhia.”

A importância da liderança na gestão de talentos

Em tempos de crise, o peso da liderança nunca foi tão grande. Afinal, como manter o time engajado, saudável e produtivo quando tudo ao redor parece instável? Esse foi o ponto central do videocast “Gestão de talentos sob pressão: o que muda em tempos de crises?”, que reuniu Eduardo Milaneli (CEO da FAP Online), Carlos Cavalcante (Diretor Corporativo de Gente e Cultura da Brasal), Daniela Bortman (Head of Occupational Medicine & Health da Bayer) e Andre Fusco (médico-psicanalista e consultor empresarial).

Logo de início, um consenso: liderança é o coração da gestão de talentos. Para Carlos Cavalcante, cultura organizacional é reflexo direto do que a liderança pratica e permite: “Cultura é tudo o que a gente permite e alimenta. E tudo começa pela liderança. A liderança precisa estar engajada na saúde mental do time.”

Esse olhar mais humano também foi reforçado por Daniela Bortman, que destacou o papel do propósito no engajamento: “Engajamento está alinhado a propósito.” Ela lembrou que os desafios da saúde ocupacional são cada vez mais complexos e não podem ser tratados com a mesma lógica de décadas atrás: “Os transtornos mentais ainda são um tabu. Não podemos lidar com saúde mental como no tempo do fordismo. A sociedade mudou, é mais complexa, e precisamos de novas soluções.”

Um exemplo prático vem da Bayer, que oferece complementação salarial para colaboradores afastados por questões de saúde mental. Para Daniela, esse tipo de iniciativa é essencial para transformar o discurso em prática.

Já André Fusco trouxe a reflexão sobre como os líderes são transmissores de regras, crenças e valores dentro das empresas: “Gestão de recursos sempre busca produtividade, mas quem dá sentido às regras são os líderes. Eles são o veículo da cultura.”

Ele destacou ainda o impacto da nova geração no mundo do trabalho: “A insatisfação das novas gerações com o modelo atual é muito mais um problema do modelo do que delas. Eles não romantizam o sofrimento, pensam em bem-estar e propósito. O trabalho, para eles, é uma necessidade básica da saúde mental.”

Essa mudança de mentalidade vem mexendo com as estruturas empresariais. Segundo Carlos, a Geração Z é mais intolerante a ambientes desalinhados com seus valores: “Das demissões que faço, entre 90% e 95% estão ligadas a comportamento e adaptação à cultura, não a questões técnicas. Precisamos buscar equilíbrio.”

Em paralelo ao debate, a influencer Denise Brasil, convidada da LG, também reforçou a importância desse equilíbrio quando o assunto é liderança. Para ela, é impossível ignorar o impacto da pressão sobre as pessoas: “A pressão vai existir, ainda mais em cenários imprevisíveis e de crise. O líder precisa saber equilibrar. Em um pico de orçamento, vamos dar o máximo. Mas quando as coisas se acalmam, é hora de tirar a pressão, promover momentos leves com a equipe, permitir flexibilidade. Humanizar é ter essa sensibilidade para entender quando apertar e quando aliviar.”

André completou trazendo uma provocação que sintetiza bem essa transformação: “Tudo que engaja as pessoas têm valor sentimental. O que engaja na cultura não é dinheiro, é sentimento.”

Para Eduardo Milaneli, esse cenário também se conecta a mudanças sociais mais amplas, como o aumento dos transtornos mentais e o crescimento da solidão, já apontados por estudos de Harvard. O desafio para as empresas, segundo ele, é encontrar caminhos para que a liderança não apenas retenha talentos, mas também crie ambientes saudáveis, sustentáveis e conectados a valores reais.

People Analytics: como transformar dados em decisões estratégicas

Se antes o RH era visto apenas como suporte, hoje ele ganha cada vez mais protagonismo, e os dados são o motor dessa transformação. Com o avanço do people analytics, o setor passa a ter mais clareza sobre onde investir, como agir e de que forma impactar a empresa de forma estratégica. Esse foi o tema do painel com Leonardo Pimenta (Gerente de Data e Analytics da LG lugar de gente), Diego Miranda (Head of HR Total Rewards e People Analytics do Grupo IMC) e Wagner Nogueira (Head of HR da Construtora Tend).

Para Wagner, a essência é simples: tirar o RH do achismo. “É usar dados para tomar decisões mais assertivas. O que falta hoje nas empresas não é informação, é conseguir responder perguntas relevantes.”

Essa visão foi reforçada por Diego, que destacou a importância de conectar dados à estratégia do negócio: “Primeiro precisamos saber onde a companhia quer chegar. E aí sim, usamos os dados para ajudar nesse caminho.” Segundo ele, o amadurecimento nessa área passa por entender que tipo de informação é necessária, como escalar sistemas de coleta e, principalmente, como traduzir dashboards em respostas práticas.

Um exemplo citado foi o projeto do Google, que usa dados para responder questões como: precisamos mesmo de gestores na equipe? O que diferencia times de alta performance? Mais do que relatórios, é sobre encontrar respostas que impactam a gestão.

Leonardo trouxe outro ponto essencial: a ética. “Até que nível os dados estão sendo avaliados? É preciso olhar de forma macro e coletiva, não individual. Assim, o RH deixa de ser apenas suporte e passa a viver o negócio no dia a dia.” Para ele, quando bem usados, os dados tiram o viés pessoal das decisões e fortalecem práticas como a meritocracia.

Mas como começar em people analytics? Para Diego, o segredo é atacar a dor da empresa: “O que tira o sono do seu investidor, da sua board? Comece por aí. Não dá para fazer tudo de uma vez. E sempre desconfie do dado.” Wagner complementou: “Fuja da ideia de que RH é só fazedor de dashboard. Olhe para o negócio, escolha a maior dor e comece por ela.”

E o futuro? Os três especialistas concordam: não existe RH do futuro sem dados. Wagner foi direto: “Não tem como falar de dados sem falar em IA. Ela já faz parte da realidade e vai dar ainda mais agilidade às decisões.” Diego reforçou: “Nenhuma IA funciona sem dado. E o RH não vai mais ter a opção de ignorar isso.”

No fim, a mensagem é unânime: people analytics não é sobre colecionar números, é sobre transformar informação em ação. Quando bem aplicado, coloca o RH no centro do negócio, impulsionando decisões mais justas, estratégicas e humanas.

O primeiro dia da LG lugar de gente na CONARH 2025 deixou evidente que o futuro do RH não será feito apenas de tecnologia ou apenas de pessoas — será da junção inteligente entre os dois. A inteligência artificial já está ajudando a eliminar burocracias, o people analytics mostra como decisões podem ser guiadas por dados, e a liderança ganha um papel ainda mais essencial ao equilibrar pressão, propósito e cuidado com as pessoas.

O RH que abraçar essa transformação será mais estratégico, mais humano e, acima de tudo, mais relevante para o negócio. Afinal, não se trata de escolher entre máquinas ou pessoas, mas de usar a tecnologia para fortalecer o que realmente importa: a experiência humana no trabalho.

Foto de Flaviane Paiva

Flaviane Paiva

Gerente de Marketing da LG lugar de gente, jornalista por formação, com mais de 15 anos de experiência acompanhando as transformações da tecnologia aplicada à gestão do capital humano. Ao longo dessa trajetória, tenho liderado times, enfrentado desafios diversos e me aprofundado em temas de liderança, o que me levou a concluir um MBA em Liderança Estratégica.

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