Quais são as características de uma liderança inspiradora?

Para Taís Alvim, Coordenadora de Pós-graduação em Psicologia Organizacional e do Trabalho, é papel do líder fazer com que as pessoas descubram seus propósitos no trabalho

Não importa se o objetivo é abraçar a diversidade na organização, tornar o ambiente de trabalho mais inclusivo, aumentar a retenção de talentos ou mesmo melhorar o desempenho e a produtividade dos colaboradores, o gestor tem um papel fundamental no engajamento dos colabores em todos os desafios dentro de uma empresa. E é com a presença de uma liderança inspiradora que se torna possível alcançar o sucesso nas atividades.

De acordo com análises feitas pela consultoria Gallup, 70% da variação no engajamento das equipes está diretamente relacionada à qualidade de seus gestores. Diante disso, a Coordenadora da Pós-graduação em Psicologia Organizacional e do Trabalho no IPOG, Taís Guedes, alerta para a necessidade de mudança no líder brasileiro padrão. “O que percebo hoje no mercado brasileiro a nível médio de gerente é um perfil ainda muito voltado para o resultado. Temas como o desenvolvimento humano e esse modelo de liderança humanizada ainda são novidade. Parece ser um processo muito romantizado e não de fato de olhar para as pessoas como foco principal”, avalia.

Como aponta a análise da Gallup, isso se deve ao fato de que muitos desses profissionais aprenderam a liderar com suas próprias experiências e estereótipos que passaram por suas carreiras, para o bem ou para o mal.

Para Taís é crucial conhecer a verdadeira função de um bom gerente para que o ideal de liderança inspiradora seja alcançado. “O verdadeiro papel de um líder é ajudar as pessoas a descobrirem os seus talentos, suas principais habilidades”, frisa.

Para Taís Alvim, Coordenadora de Pós-graduação em Psicologia Organizacional e do Trabalho, é papel do líder fazer com que as pessoas descubram seus propósitos no trabalho

Liderança inspiradora melhorando o engajamento

Conhecer as motivações dos colaboradores pode ser fundamental para obter desempenhos melhores. Isso porque essa conexão pode permitir ao gestor adequar cada profissional à sua função ideal e melhorar o engajamento de seu quadro.

É o que explica Taís, que também é Mentora em Liderança e Cultura Organizacional. Segundo ela, o grande desafio de um líder é ser capaz de colocar a pessoa certa no lugar certo.

A especialista avalia que os índices alarmantes de trabalhadores desengajados no Brasil e no mundo estão relacionados à visão limitada de muitos gestores quanto ao que motiva seus colaboradores. “Quando o líder conhece a força que essa pessoa tem, ele tem condições de avaliar qual seria o melhor lugar, onde ela entregaria o melhor resultado dentro da organização”, afirma.

Para construir essa relação é necessário que a liderança invista no diálogo, mas é importante que essa conversa vá além da cobrança por metas. A professora do IPOG explica que isso depende da forma como a liderança da equipe enxerga a si mesma. “O líder tem que ter uma visão muito grande de autodesenvolvimento, ou seja, de que ele não está ali apenas para apoiar as pessoas em suas evoluções. Ele também está se aprimorando”, esclarece.

Segundo Taís, é essencial que o gestor seja capaz de mostrar à sua equipe que também é passível de cometer erros. “Só se consegue um ambiente onde há informações compartilhadas e as pessoas não têm medo do diálogo quando esse líder tem coragem de expor suas dificuldades, de assumir que ele também está ali para se desenvolver e que também tem seus desafios. Na medida em que ele vai se apresentando como um ser humano de fato, sua equipe vai se sentindo mais à vontade para dialogar sobre situações difíceis e também sobre suas vitórias”, ressalta.

Escolha as recompensas certas

Reconhecer os feitos dos colaboradores é essencial à gestão de equipes, no entanto, mostrar a esses funcionários que eles são respeitados e partes importantes da organização pode exigir mais que uma gratificação financeira.

Como explica Taís, escolher a maneira certa de premiar seus colaboradores é um dos desafios da liderança inspiradora. Para ela, essa é uma questão que pode se mostrar perigosa quando ignorada a distinção e os resultados das motivações intrínsecas e extrínsecas.

“A extrínseca é a motivação que vêm de fora, como cumprir uma meta e receber determinada recompensa. Ela tem um nível de engajamento muito temporário e superficial, mas a maioria das empresas trabalha dessa forma”, alerta.

Como reforça a especialista, uma das chaves para a liderança inspiradora está na compreensão do quão eficaz é conhecer seus colaboradores a ponto de descobrir e destravar seus estímulos pessoais.

“O que a maioria das empresas brasileiras precisa entender é que existe um tipo de motivação subjetiva que é a intrínseca. Para que o líder acesse esse impulso, ou seja, para que a pessoa se motive de forma individual e gere um engajamento profundo é preciso primeiro conhecer sua equipe e colocar a pessoa certa no lugar certo”, salienta.

Segundo Taís, essa recompensa é mais duradoura justamente por se conectar à forma como o indivíduo será reconhecido por sua capacidade de colocar em prática suas habilidades para atingir o melhor resultado. Para ela, ao entender o sentido da tarefa, o colaborador encontra prazer na sua função.

Como resultado, a própria organização acaba recompensada com um maior engajamento natural. Esse ciclo se perpetua na medida em que o foco do funcionário na tarefa a ser executada aumenta e o líder tem um reconhecimento genuíno por seu desempenho.

O propósito também é inspirador

Embora a importância de um trabalho com propósito já seja conhecida, Taís Guedes avalia que o mercado brasileiro ainda precisa evoluir nesse ponto. “Nos deparamos com a realidade cultural brasileira onde a maioria dos profissionais busca determinado trabalho pela estabilidade e retorno financeiros, pelo status que o cargo gera, e não necessariamente optam por amor ao que fazem”, pontua.

Mais do que ser um tema atual, a especialista frisa que se trata de uma discussão urgente diretamente relacionada à saúde no ambiente de trabalho. “É um caminho desconhecido e não é um assunto incentivado pelas instituições de ensino, que geralmente focam no tema da estabilidade financeira. Hoje, percebemos que isso não é suficiente, não é isso que sustenta a pessoa em relação a ver o trabalho como uma fonte de bem-estar. Os números de pessoas adoecidas pelo trabalho são alarmantes”, completa.

Diante disso, ela afirma que a gestão de equipes precisa ir além do discurso quando se trata de lidar com o senso de propósito de suas organizações. Segundo ela, isso significa ter gestores dedicados a seus funcionários. “O gestor tem que sair da operação de fato e assumir como deve ser a gestão propriamente dita. Ele precisa investir tempo nas pessoas. Diálogos abertos, espaços de aprendizagem, para que as pessoas percebam seus papéis dentro da organização, qual o propósito de seu trabalho”, garante.

Indo além, despertar uma liderança inspiradora dentro da organização significa ser capaz de despertar nos próprios funcionários esse sentido oculto na função que ocupam. “São poucas as pessoas que conhecem de fato o que faz sentido para elas mesmas”, afirma Taís. “É uma tarefa importante do líder fazer com que as pessoas tenham a oportunidade de descobrir seu propósito de vida no trabalho”, finaliza.

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Rômulo Santos

Rômulo Santos

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