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Em tempos de combate à corrupção, qual o papel do RH na gestão de compliance?

É o que explica Reynaldo Goto, Diretor de Compliance da Siemens, em entrevista exclusiva à Huma

reunião para apresentação de normas da empresa

Estar de acordo com todas as normas reguladoras do mercado e fazer com que os colaboradores entendam a importância do código de conduta da empresa é um desafio para muitas empresas. Implantar o sistema de compliance é a melhor maneira de conseguir visualizar os riscos que a companhia está exposta e se antecipar aos acontecimentos que podem, de alguma maneira, atingir sua integridade.

De acordo com a pesquisa “Agenda 2017”, realizada pela Deloitte com 746 empresas brasileiras de todos os portes, 33% delas demonstram intenção de priorizar a adoção de melhores práticas para a gestão de compliance esse ano. Mas o que é necessário para implementar esse sistema dentro das empresas? Quais benefícios um código de conduta bem estruturado pode trazer? Qual o papel do RH na gestão e efetividade desse processo? Quem responde essas perguntas é Reynaldo Goto, Diretor de Compliance da Siemens, em entrevista exclusiva à Huma. Confira!

Huma: O que é necessário para implementar uma política de compliance dentro das empresas?

Reynaldo Goto: Antes de tudo é importante o comprometimento da alta direção. Todos precisam estar alinhados e entenderem a importância de um código de conduta para a companhia. Depois disso, deve ser feita uma análise detalhada dos riscos de corrupção que a empresa e seus colaboradores estão expostos e, com base nisso, implementar suas políticas de integridade e fazer o controle da adesão ao programa.

Huma: Em que deve se fundamentar um sistema de compliance?

Reynaldo Goto: O programa deve contar com três pilares. O primeiro é a prevenção, onde a empresa deve cuidar para que as coisas não aconteçam. E ela pode ser feita através de treinamento, comunicados, políticas e controle.

O segundo é a detecção. Os gestores devem monitorar o programa e o quanto as pessoas estão seguindo as políticas estabelecidas. É importante criar canais onde possam ser feitas denúncias, para que o colaborador possa relatar algum acontecimento que ele entenda que fere o código de conduta.

O terceiro é a resposta. Uma vez identificada a violação das normas, a empresa deve responder de forma imediata e aplicar as sanções previstas.

Huma: Quais benefícios um sistema de compliance bem estruturado pode trazer para a empresa?

Reynaldo Goto: Com a política bem estruturada, é possível agir com antecipação, ou seja, evitar qualquer tipo de problema novo relacionado a violação de normas. E, caso ele ainda ocorra, a empresa já consegue reagir de forma adequada e ter uma resposta rápida diante da situação.

Quando uma companhia é atingida por algum caso de corrupção, por exemplo, isso afeta diretamente o engajamento e a motivação dos colaboradores. Através do sistema de compliance é possível fazer com que os funcionários entendam o que vai acontecer caso a empresa seja envolvida em algum escândalo, evitando assim uma crise interna.

Huma: Qual o papel do RH na gestão de compliance de uma organização?

Reynaldo Goto: O RH tem papel fundamental. Ele quem deve traduzir quais são os códigos de conduta da empresa para os colaboradores e organizar para que todos estejam alinhados com os mesmos valores.

No processo de recrutamento e seleção, por exemplo, ele já deve buscar pessoas que se encaixem no perfil da vaga e tenha a integridade que a companhia espera. Ele também é responsável pela propagação das políticas de compliance, desde o treinamento, de forma com que os novos funcionários entendam. Outra função importante da área de gestão de pessoas é a aplicação das sanções previstas, no caso de violação às normas.

Huma: Quais os desafios do RH para conseguir implementar o sistema de compliance dentro das empresas?

Reynaldo Goto: O RH deve fazer com que os colaboradores entendam e se comprometam com o sistema de compliance. Que o sistema esteja integrado ao dia a dia dos funcionários, que seja algo acessível e compreensível para todos e que eles se sintam à vontade para falar, caso identifiquem alguma conduta que considerem irregular.

Huma: Quais as tendências de compliance para os próximos anos? As soluções de tecnologia podem contribuir com a gestão do sistema?

Reynaldo Goto: Sem dúvida nenhuma. As soluções para RH contribuem para maior assertividade nas contratações de pessoas com perfil alinhado com a conduta da empresa.

Temos uma janela de oportunidades para ter novos padrões de integridade no mercado brasileiro e a população já demonstrou que está com a tolerância reduzida com relação a qualquer atitude ilícita. Existe, hoje, uma conscientização do combate à corrupção. Portanto, acredito que o sistema de compliance se tornará essencial para a sobrevivência das empresas.

Huma: Que dica você pode dar para empresas que pretendem implantar o sistema de compliance?

Reynaldo Goto: Estude o tema e se familiarize com ele. Coloque alguém como responsável e permita que ele possa participar de treinamentos sobre códigos de conduta, corrupção e sistemas de compliance em outras companhias. Avalie os riscos de corrupção que sua empresa está exposta e faça a sua própria política de integridade.

 

Caroline Fernandes

Caroline Fernandes

Relações Públicas por formação, há mais de 7 anos estudando sobre RH, inovação e a tecnologia como catalisadora para aprimorar os processos de gestão do capital humano. Inspirada pela filosofia de Simon Sinek, acredito que entender de pessoas é entender de negócios. Junte-se a mim para explorarmos como elevar a gestão de pessoas e negócios a novos patamares.

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